quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Can You Be Mine. (Sixteenth)

16º  Capitulo

  Não vi quanto tempo passou depois que me puseram para fora do quarto, mas tenho a impressão de que foi muito tempo, tempo o suficiente para Agatha chegar acompanhada de Ian e Luke.
  Ela estava em prantos quando veio me abraçar, abraço o qual eu jamais recusaria, principalmente agora que...

 -NÃO!! AGATHA O QUE EU VOU FAZER AGORA? ME DIZ!! –impossível era conter as lágrimas que escorriam pelo meu rosto, molhando todo o ombro dela –EU NÃO SEI O QUE FAZER AGATHA!
 -POR FAVOR, MARGIE! PARE! EU ESTOU AQUI COM VOCÊ! EU SEI. AI MEU DEUS! COMO EU SEI O QUE É FICAR SEM OS PAIS! E OLHE PRA MIM! –ela não continha as lágrimas e nem terminou sua frase.

  Agatha sempre fora mais forte que eu, mesmo quando nós duas tínhamos nossos pais. Aquela fase em que tudo é culpa deles, e a revolta é nossa. Ela passou tranquila por isso, e me ajudou tanto. E agora outra vez ela está me ajudando a passar por algo que ela já passou e foi tão forte.
  Ser forte. Ser forte não é a minha praia. Eu prefiro me afogar em minhas lágrimas, e deixar claro como sou fraca. Mas isso se torna impossível nos braços de Agatha.
  Senti outro par de mãos afagarem minhas costas. Mãos pequenas e leves, acostumadas a consolar meninas fracas. Virei-me e vi uma enfermeira baixinha e robusta, no crachá “Silvya”. A reconheci de quando minha mãe foi internada, ela estava lá pouco antes de eu cair nos braços de Luke.

 -Pequena Margo. –em seus olhos havia muita dor, dor sincera –Eu sinto tanto pela sua perda.

  Apenas assenti, o que eu poderia dizer? “Ah, obrigada, eu também sinto” insensível.
  Ela me tirou dos braços de Agatha, eu quis protestar contra aquilo, mas sabia que eu precisava ouvir algo que só eu precisava ouvir. Agatha voltou para os braços de Ian, e vi Luke se levantar e perguntar algo pra ela, que ela negou com um aceno de cabeça.

 -Margo, eu fiz tanto pela sua mãe. –Ela começou depois de me levar para uma sala –Eu media os batimentos dela toda vez; as poucas vezes que você não veio passar as noites com ela, eu ficava, não querendo tomar seu lugar, pelo amor de Deus, não pense isso! Mas eu apenas ficava de olho, porque se ela acordasse e procurasse por você? Se isso acontecesse eu estaria lá para dizer que você voltou pra casa para descansar depois de muito insistirem.

  Eu não sabia o que dizer. Eu nem sequer sabia o nome dela, e ela havia feito tanto por mim, feito tanto pela minha mãe. As lágrimas que não tinham parado tomaram velocidade e embaçou por completo minhas vistas, tanto que precisei baixar a cabeça.
  Ela me deu um beijo no alto da cabeça, e saiu. E eu fiquei sozinha, só eu e minha dor. Uma dor indescritível, indesejável.
  Não por muito tempo.

 -Oi? –era ele, e eu precisava dele.
  Virei-me e tentei sorrir em meio ao choro
 -Oi.
  Ele veio até mim, e me abraçou. E fiquei abraçada, e envolvida em seus braços, era como se nada mais pudesse me atingir.
  Ele acariciava meus cabelos sem tirar o rosto dos meus ombros.
 -Tiago.
  Olhei pra ele confusa.
 -O que?
 -Meu nome. Não é Luke, é Marshaw Lukerman.
 -E você só gosta de Luke?
 -Sim, só de Luke.
 -Gosto de Marshaw.
 -E eu gosto de você.

  Ah, Luke, pensei, não me faça querer beijá-lo agora, não é hora pra isso.

  Com a cabeça em seu peito, me pus a chorar outra vez, ignorando a vergonha e soluçando alto, no meio do abraço apertado, apertando cada vez mais sua cintura.
  Ele segurou meu rosto de modo que nos encarássemos, olhos nos olhos. Aqueles olhos me levando para longe de tudo, me levando para longe do mundo. E nossos lábios –finalmente –se tocaram.