quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Can You Be Mine. (Tenth)

10º  Capitulo

  Sei que Luke não estava errado. Sei que ele tinha toda razão. Mas não me daria ao luxo de dizer isso a ele. 
  Já era grande demais o fardo da culpa que estou carregando comigo pra dar esse prazer a ele.
  Fui andando sem direção, literalmente, porque não faço ideia de como andar aqui sem Margo.
  Cheguei a um ponto calmo, uma relíquia deste lugar. Sentei-me a beira do lago e peguei o cigarro que ganhei de Margo ontem. Procuro em minha bolsa um isqueiro e acendo o outro. Coloco em minha boca e pela primeira vez entendo o que Margo quis dizer com "o cigarro é meu novo esconderijo".

  É uma sensação divina sentir a nicotina enchendo meu sistema respiratório, porque é impossível fazer com que ela volte, e seu ultimo vestígio se torna a fumaça que sopro para o céu. Permaneço ali. Até meu cigarro chegar ao fim.
  Levanto-me e volto me equilibrando na beira das calçadas até chegar em casa. E é onde tudo começa outra vez.
  Encontro Margo e Luke sentados na mesa, e quando abro a porta ambos me fuzilam com seus olhares. Viro e saio novamente.
  Depois de comprar cigarros em uma loja de conveniência que tem ao fim da rua, volto para a relíquia e encontro Ian lá...

 -O que você ta fazendo aqui? -perguntei incrédula
 -O que estou fazendo aqui? Eu sempre venho aqui.
  Me sentei ao lado dele.
 -Achei que ninguém conhecia esse lugar...
 -Bem, eu conheço. E você conhece. Pode ser nosso lugar o que acha?
  Acendi um cigarro do meu novo maço de cigarros, e ofereci a ele, que pegou sem pensar duas vezes.
 -Não acho que deveria ser nosso lugar- disse colocando o cigarro na boca.
 -E porque não?
 -Não sei. -Mentira. Eu sabia sim. Não temos motivos pra ter um lugar; Margo não ia gostar; e "ser nosso lugar" soa muito romântico. Não sou de romancezinhos.- Por enquanto não.
  Ele riu
 -Eu não me importo em ter que te beijar se for pra ter um lugar nosso.
  Acompanho-o em seu riso contagiante
 -Então você lê pensamentos...
 -Ah! Você quer mesmo que eu te beije. Não precisava de toda essa enrolação, era só ter dito...
 -Ah -disse enquanto soltava a fumaça- e você acha mesmo que eu sendo eu vou beijar uma boca cheia de saliva de loiras corpudas e metidas?
 -Ora, porque não? Eu escovo os dentes.
 -Então admite que é um pegador?
 -Só quando pegar você e ou a Margo.
  Ergui as sobrancelhas, o olhei fixamente, e disse no tom mais seco que consegui
 -E o respeito? Onde é que fica? Engraçado você hem?! Até parece que a Margo vai te dar bola.
 -Porque acha que não? 
 -Você é muito confiante.
  Olhei pra cima, e pela primeira vez, notei que na relíquia, não se  mais que vestígios do azul empalidecido do céu. O verde das arvores e borrões de pássaros voando tomam conta visão. E me perdi em pensamentos... Imagino que Ian também, pois não disse uma unica palavra enquanto meus pensamentos fluíam..
  "Margo jamais vai dar bola pra você quando eu contar a ela sobre essa conversa. Se eu conseguir contar. Se ela quiser me ouvir. Mas ela tem me ouvir. Eu tenho que pedir desculpas. Eu..." -Agatha! Ouvi meu nome e despertei do desvaneio.
 -Ian! -gritei de volta pra ser chata.   
Relíquia

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