1º Capítulo
Margo Fields, 17,
Canadá
Logo no
inicio do 3º ano do médio, perdi meu pai.
Foi uma
perda terrível, claro, mesmo que nós nunca tivemos uma super relação “pai e
filha”.
Minha mãe
entrou em depressão, e eu finalmente me vi sozinha.
Nunca fui
de muitos amigos. Então, nesse momento, não tive ninguém com quem compartilhar
minha dor, ninguém pra me confortar. Muito pelo contrário. Precisei ser forte
pra dar conforto a minha mãe. Precisei ignorar minha dor pra que ela pudesse
compartilhar sua dor comigo.
Precisavamos
uma da outra. E ela ainda mais.
Nos
mudamos para Flórida pra ver se com novos ares a dor resolvia começar arrumar
suas coisas para partir. Talvez, se eu não precisasse estudar, teria dado
certo. Mas não deu.
Saimos da
antiga cidade deixando toda uma vida para trás. Meus poucos amigos, nossa casa.
Tudo ficou para trás. Literalmente tudo. Só levamos conosco a roupa do corpo e
nosso carro.
Depois de
finalmente nos estabelecermos definitivamente lá, fomos para minha nova escola.
Não foi
nada como imaginei, não que eu tenha imagnado uma chuva de rosas e trombones
para minha chegada, mas também não estava esperando tantos olhares em cima de
mim. Estou acostumada a ser invisivel, nunca fui a atração principal de lugar
algum. Mas hoje foi diferente, uma mistura de entranheza com... admiração? Não.
Definitivamente não era admiração. Eu não si o que era, mas não tenho nada que
pudessem admirar em mim.
Olhei em
volta e não posso negar que era um lugar bem legal, bem maior que minha antiga
escola. Mas de forma alguma eu me encaixaria nesse lugar.
“Força.
Ignora. E vai.” Pensei comigo. Precisava pensar assim
ou não entrava lá.
Logo de
cara, no carro que estava frente à entrada do refeitorio vi dois garotos. Não eram nada discretos,
olhavam pra mim e (não) cochichavam. Abaixei a cabeça e passei por eles,
ignorando os sons de suas vozes.
Peguei meu
novo horário na secretária, e logo me dirigi à sala de filosofia.
“Espero
que a filosofia daqui seja como a filosofia de lá.”
Me sentei
na última carteira da sala e posicionei meus livros me minha mesa.
Aguardei o
professor entrar.
A porta se
abriu. Mas quem entrou não foi o professor, foram aqueles garotos que vi quando
me encaminhava à secretaria com duas garotas (escandalosas) rindo. Olharam pra
mim com tamanha indiferença e se sentaram em seus devidos lugares.
Peguei um
livro em minha mochila coloquei meus fones, e sumi do mundo.
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