5º Capitulo
Agora estou em minha antiga casa.
Da cozinha posso ouvir o ancora do jornal dando bom dia a seus telespectadores, e vejo os pés do meu pai no sofá.
Sorrio ao ver que ele está outra vez atrasado para o trabalho.
O telefone toca.
Corro para atender. E quando atendo, o choque toma conta de mim.
Do outro lado, muito caos. E posso ouvir o policial dizer que meu pai sofreu um acidente.
Em pânico, largo o telefone e corro pra onde meu pai estava, e agora não o vejo mais sorrindo, despreocupado com a hora. Agora, ele está com o aspecto cinza, gélido. Ele está morto em nosso sofá.
Levanto aos pulos novamente. Desde que chegamos aqui não tenho outro sonho senão esse. E essa cena fica em minha cabeça até que lembro de minha mãe e forço-me a esquecer essas cenas. “Tenho que ser forte. Ela precisa de mim”
Olho no relogio, já marcando 19:55.
Deitei novamente outra vez fitando o teto. Respirei fundo. Levantei.
Fui ao banheiro para tomar banho e fiquei lá por um tempo pensando.
Pensando em como será daqui pra frente. Sem meu pai. Sem a mãe ativa que eu estava acostumada, sem... Agatha!! Minha amiga! Como pude me esquecer?! Desde o momento que perdi meu pai, minha mente está em um turbilhão de emoções!
Terminei logo o banho. Me enrolei na toalha e corri até onde meu novo telefone se encontra em meu novo quarto.
Nem troco de roupa. Pego o telefone e disco o numero de Agatha.
Espero...
-Alô? -finalmente minha mente se limpa. Pude finalmente ouvir a voz da minha amiga.
-Agatha?
-Margo? -pude ouvir o espanto em sua voz.
Conversamos por um longo tempo. Choramos, rimos, conversamos... Foi tão maravilhoso. Contei à ela sobre meu primeiro dia na escola, contei sobre Luke..
Foi tão... normal.
Quando desliguei o telefone vi minha mãe na porta do quarto sorrindo pra mim.
-Oi, mãe.
-Oi, filha. Era a Agatha?
-Sim. -não contive o sorriso.
-Achei que não iria
mais ligar pra ela.
-Na verdade, havia
me esquecido.
-Mas a gente sempre
se lembra. -Ela sorriu e voltou pra sala.
-É. Sempre.
.....
Passaram-se alguns dias. Já estou mais habituada
na escola, e talvez já tenha até feito alguns colegas por lá.
Luke? Nunca mais falei com ele. Ainda penso que
talvez tudo aquilo possa ter sido um sonho.
Em uma dessas manhãs ensolaradas que passei a me
acostumar aqui na Flórida, o garoto de cabelos pretos que estava quase
transando com a loira (que agora tem um nome: Fran) veio falar comigo.
-Margo
Fields.
-Sim?
-Ainda não
sabe meu nome. –ele sorriu de canto.
-Não. –creio
que ela possa ouvir as batidas aceleradas de meu coração, mas tento agir
naturalmente.
-Ian Evans.
-Esse é
mesmo seu nome, né?!
-Claro que
sim. Porque não seria?
Penso em
Luke dizendo “Não. Mas gosto de Luke.”
-Não sei.
Quem é que sabe.
-Fiquei
sabendo que você faz parte da turma das puras.
-Turma das
puras?! Isso existe?!
-Você não
fuma, fuma?
-Não.
-É virgem?
-Sim.
-É pura.
-Tudo bem.
Faço parte dessa turma.
-Você quer
um? –Ele estende a mão revelando um cigarro. Que surpresa. Penso ironicamente.
-Você já
passou mal pondo um desses na boca?
Ele da um
riso breve e responde:
-Graças à
Deus nunca. Mas já houve casos.
-Isso é
bom?
-Experimente.
Por algum
motivo, olho em volta antes de pegar o bonitinho, e outra vez meus olhos vão de
encontro com aquele par de olhos que me encarava algumas semanas atrás. Outra
vez curiosos. Fiquei imaginando quanto tempo ele estaria ali, e antes de pensar
de novo, peguei o cigarro da mão de Ian.
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