2º Capitulo
Na verdade, não sei
bem o que estava esperando nesse primeiro dia de aula, mas com certeza ninguém
esperava que eu dormisse em minha primeira aula do meu primeiro dia na nova
escola.
Definitivamente, a filosofia daqui não é como a filosofia de lá. É
tediante e repetitiva. O Sr. Bardola (meu professor) não tem interesse algum em
saber se entendemos ou não sua explicação sobre qualquer que fosse o assunto do
qual ele estava falando sem parar. Tanto, que nem notou meu cochilo durante sua
aula. Ao contrário de duas garotas que acharam melhor me acordar para me dizerem
que o sinal havia tocado e caso eu quisesse elas me acompanhariam até a
próxima aula.
-Não. Muito obrigada. Mas prefiro ir sozinha para
me adaptar.- Respondi da maneira mais educada que consegui. Sorri e as deixei
para trás.
Qualquer
coisa que elas disseram quando me ausentei foi como um zumbido em meu ouvido.
Minha
próxima aula seria literatura. Mas descobri que o professor se ausentará da
escola por uma semana ou mais. Motivo? Não faço a miníma ideia.
Nesse
período vago, achei melhor ir reconhecer os caminhos. Voltei à entrada e me
encaminhei ao refeitório pelo menos umas três vezes.
Caminho gravado.
Pensei. Então comecei a fazer meu percurso de salas, não posso negar que estava
parecendo uma doida andando de um lado à outro, mas aquilo me distraiu.
Voltei à
porta do Sr. Bardola. Senti que alguém me observava, mas não levantei o olhar
para averiguar a figura que estava me observando há alguns metros de mim.
Bem que podia acontecer como normalmente
acontece naquelas histórias em que o garoto lindo se apaixona pela garota feia
da escola. Sorri ao pensar isso. Balancei a cabeça em reprovação a meu
pensamento e logo afastei isso. Levantei a cabeça e encontrei um par de olhos
castanhos curiosos me encarando. Não reconheci seu rosto. O garoto esguio de
cabelos castanhos emaranhados e com um
cigarro na mão e machucados em seus dedos piscou pra mim. Pude sentir o rubor em minhas bochechas e
abaixei o olhar novamente.
Não seria
como naquelas histórias, porque não sou a garota mais feia e ele não é o mais
lindo da escola (esse cargo se aplica ao garoto de cabelos pretos que estava
encostado no carro frente ao refeitório, que vi hoje mais cedo).
O garoto
esguio de olhos e cabelos castanhos com um cigarro na mão com machucados nos dedos
que piscou pra mim
ainda me olhava. Um olhar convidativo, confesso. Convidativo ao ponto de fazer
com que eu me aproximasse. Mantive os olhos baixos e uma distância segura, de
forma que eu poderia correr sem parecer estar fugindo de uma alcateia de lobos ferozes. Mesmo que seus olhos me parecessem olhos de lobo.
Me
encostei a mesa, esperando que se alguém tivesse que falar algo, ele se
pronunciaria primeiro. Deu uma tragada em seu cigarro e, soprou a fumaça em sua
frente, como se admirasse seu ato, e se chegou a mim, tomando grande parte, se
não toda, da minha rota de fuga.
Assim, tão
perto, dava pra sentir seu cheiro: sabonete, cigarros –talvez o que não gastava
em sabonete gastava em cigarros-e couro.
-Seu nome?
– sua voz: rouca e suave, como se eu o ouvisse de longe.
-Margo.
-Oi Margo.
-Oi... Não
Sei Seu Nome.
-Me
chame... Hum, de Luke. –ele estava pensando em um nome?
-Esse é sue
nome?
-Não. Mas
gosto de Luke. Fuma?
-Não.
Desculpe. –Que merda eu pedi desculpas? Eu não fumo e é um fato. Pra que pedir
desculpas?!
-Tudo bem.
-Tudo bem.
Ele se
virou e foi.
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