segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Can You Be Mine. (Eighth)

8º  Capitulo

  Foi um dia bem legal na verdade, tive com quem tagarelar na aula de artes, alguém pra me ajudar na aula de matemática, alguém pra me acordar na aula de filosofia. E alguém pra me acompanhar no intervalo.
  Estávamos chegando à beira da cantina quando ouço Ian me chamar, viro pra trás instantaneamente, encontrando seus olhos. Ele sorri pra mim. Aquele sorriso que abala as estruturas –já nada firmes- de qualquer garota. Retribuo o sorriso, e temo por não ter o mesmo efeito. Mas que me importa, sabendo que ele “pega geral” e estou fora dessa lista.
 -Oi Margo.
 -Oi Ian.
 -Quem é sua amiga? –Ele apontou com a cabeça e acenou para ela, me virei para olha-la e a vi retribuindo o aceno com um sorriso no rosto. Aggs é o tipo de garota que está na lista de qualquer garoto, e é a primeira na lista de garotas que recorreriam ao mundo homossexual para se divertir. Inclusive na minha. Mas mesmo assim, me da uma pontinha de ciúmes saber que Ian já está de olho nela.
 -Ela é Agatha –forço-me a responder.
 -De onde ela é?
 -Porque não pergunta à ela? –Era pra soar ignorante, mas imagino que tenha saído um tanto encorajador, o que o fez sorrir pra mim e ir em direção a ela.
  “Sozinha outra vez.”
  Me afastei deles e fui me sentar em uma mesa do lado de fora do refeitório.
  Estava comendo minha maça quando sinto o celular vibrar insistentemente, então o pego, e vejo na tela “HOSPITAL”.
  Atendo. Confusa. “O que é agora?”
 -Margo Fields?
 -Sim?
 -Sou a Dra. Trissa, da diretoria do Hospital da cidade, e estou ligando para informar que sua mãe...
 -MINHA MÃE? O QUE ACONTECEU? –Interrompi a Dra. sem travas na língua.
 -Por favor, não se exalte..
 -NÃO ME EXALTAR? MINHA MÃE ESTÁ COM VOCÊS SABE-SE LÁ DEUS COMO E PORQUE E VOCÊ TA ME PEDINDO PRA NÃO ME EXALTAR? –eu estava ciente dos olhares em meu rosto, mas pouco me importava agora, eu só queria saber da minha mãe.
 -Por favor. Deixe-me explicar.
 -NÃO! EU QUERO VER MINHA MÃE. EU VOU AÍ AGORA! –o choro já se formava em minha garganta.

  Desliguei o celular e saí correndo, empurrando quem quer que estivesse em minha frente. Por um momento Agatha passou por meus pensamentos, mas foi muito rápido, “ela está com Ian”.

Corri como quem corre para ganhar uma maratona, e quando cheguei ao hospital estava completamente sem folego. Creio que já tinha alguém me esperando, pois fui levada imediatamente para sala onde minha mãe se encontra. Acho que desmaiei. Despertei numa poltrona até confortável, de frente para uma moça bonita morena e cabelos escuros, me encarando, certamente cogitando a possibilidade de uma cama ao lado da minha mãe para mim.
 -Como está se sentindo?
 -Nada bem. –Não havia necessidade de mentir para uma médica.
 -Posso ver.
 -Então porque perguntou? –Silêncio- Como ela está? –Me aproximei da minha mãe, e pude perceber com clareza como ela parecia velha agora. Seu rosto sempre tão cheio de vida dava lugar a rugas, e fortes linhas de expressão. Olheiras escuras embaixo de seus olhos e me pergunto como ela conseguia cobrir tudo isso? Ela sempre foi tão vaidosa. Sinto lágrimas correndo pelo meu rosto, e me irrito comigo mesma por não estar com ela nesse momento, por não ter reparado como a situação havia se agravado. Me irrito por não estar mais conseguindo ser forte e estar chorando aqui, diante dela, mesmo que ela esteja inconsciente.
  Me abaixei e dei um beijo em sua testa.
 -Ela vai acordar, não vai?
 -É o que esperamos. Normalmente, em níveis extremos de depressão como esse, os doentes..
 -Ela não é uma doente.
 -Certo. Me desculpe. Os pacientes quando recuperam sua consciência preferem se manter assim, para que possam ficar em seu mundinho.
 -Mas não vou conseguir ficar sem ela. Você tem que fazer alguma coisa! Por favor!
  A Dra. Trissa me olhava com pena, era nítido. E eu estava sendo injusta com ela. Ela já fez alguma coisa. Ela já trouxe minha mãe pra cá, já deu a ela os atendimentos necessários e me ligou. Me ligou pois sabia que eu era necessária aqui. Me ligou, pois sabia que caso minha mãe acordasse, meus olhos seriam os primeiros que ela gostaria de encontrar.

  Após alguns instantes que a Dra. sai da sala, olho para janela e vejo Agatha lá. Não sei quanto tempo ela estava lá, pois desde que Trissa saiu, eu só chorei e chorei de cabeça baixa. Suponho que faça bastante tempo, pois ela está com os olhos inchados, como quem acabou de chorar.

  Ela sussurra um “Sinto muito, me desculpe”.  Ela sabia. É claro, minha mãe a chamou para cuidar de mim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário