4º Capitulo
Cheguei em casa e encontrei minha mãe no sofá com as mesmas roupas que usou para dormir ontem de noite. Não a culpo. Ela conheceu meu pai não tinha 15 anos e agora, puff! Ele não está mais aqui. Uma vida inteira construída ao lado dele e de repente um acidente de carro acaba com tudo. Foi uma perda horrível. Para nós duas. Mas principalmente pra ela.
-Oi. -digo e dou um beijo em sua testa.
Ela retribui com um sorriso, e fecha os olhos para ir a um mundo que não conheço.
Vou a cozinha, devido ao estado dela, duvido que tenha comido alguma coisa. Então preparo o almoço. Nada muito especial. Há dias não comemos algo realmente especial. Tem sido sempre o mesmo, alguma fritura, arroz e de vez em quando uma salada.
Depois de pronto, faço nossos pratos e vou me sentar ao seu lado para almoçarmos juntas. E pra minha surpresa ela começa uma conversa:
-Como foi na escola?
Sorrio e respondo:
-Não foi tão ruim. Só a aula de filosofia. Aquele professor é um saco. Mãe! Você acredita que ele já me pediu favores?
Ela me olha entretida e diz:
-Você dormiu na aula dele, foi justo!
Olhei pra ela tentando conter o riso e indignada respondo:
-Como você sabe??
-Sou sua mãe. E você ta com uma marquinha de baba no rosto.
Sinto-me enrubescer e passo a mão no rosto em uma tentativa descomprometida de limpar a baba seca.
Olhei pra ela e rimos. Mas não me senti a vontade para abraça-la.
Terminei primeiro que ela, e insisti que ela comesse porque não queria que achassem que sou uma filha tão ruim ao ponto de não alimentar a mãe.
-Você é a melhor filha do mundo.
Olhei pra ela por cima do ombro, e sussurrei um eu te amo, que ela retribuiu. Fui para meu quarto.
Lá eu podia ir para o meu mundo. Um mundo cheio de fantasias, onde não havia tristezas e nada assim. Deitei em minha cama e fitei o teto enfeitado com adesivos de estrelas. Dormi.
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