7º Capitulo
Esperei
três toques para poder atender. Me livrar do choque.
Atendi.
-Alô? –Não pude
conter o pânico em minha voz.
-Oi filha! Estou
aqui no mercado, mas esqueci de fazer uma lista de compras.
-MÃE! -O alívio foi
imediato- VOCÊ QUER TER UMA FILHA MORTA?! PELO AMOR DE DEUS! NUNCA MAIS SAIA DE
CASA SEM ME DEIXAR UM RECADO! EU NÃO POSSO COM ISSO!
-Margo! Calma. Estou
bem. Não se preocupe! Lembra quando você mesma me disse que eu precisava sair...
-Sim! Claro que
lembro! Mas imaginei que fosse me avisar como outras mães fazem, tipo: “Filha
to indo no mercado, quer alguma coisa?”
-Me desculpa meu
amor. Da próxima vez pergunto se você quer alguma coisa antes de sair. –pude
ouvir o tom zombeteiro em sua voz e sorri ao perceber que minha mãe estava de
fato voltando a ser o que era.
-Ok. Vou fazer uma
lista e te encontro em alguns minutos.
-Obrigada. Te amo.
-Eu também.
Desliguei o
telefone e me joguei no sofá, respirando fundo “inspira, expira.”
Evitei ficar jogada
no sofá por mais tempo para que eu não adormecesse e o pânico de ter uma filha
morta tomasse conta da minha mãe. Levantei e fui até a cozinha examinando
armário e geladeira, e anotei tudo o que estava em falta. E acrescentando minhas
necessidades: bolachas recheadas, salgadinhos, chocolates, balas e outras
besteiras.
O que realmente
acontece quando saio de casa é justamente o contrário do que eu imaginaria
acontecer: encontro Agatha na minha porta pronta pra bater quando a abro.
Foi só gritos e
pulos e abraços e AI MEU DEUS! EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ ESTÁ AQUI!!!
É claro, me esqueci
completamente da lista da minha mãe, mas pensando bem, minha mãe já sabia, ao
contrário ela não teria saído de casa e não teria me feito sair de casa.
Entramos em casa e
fomos direto a meu quarto, errei a porta, talvez pela emoção. Com certeza pela
emoção. Quando entrei no quarto certo ajeitamos as coisas dela e começamos a
conversar e em determinado ponto:
-Ai Margi -ela
sempre me chamou de Margi, Margo era usado quando ela estava brava.- Não te
falei ainda!
-O que você ainda
não me disse? -rimos pois ela já havia me dito muita coisa.
-Eu não vim pra
passar essa semana.
Ela não vai dizer o
que acho que ela vai dizer, vai?
-Você não vai dizer o
que eu acho que vai dizer, VAI!?
-Se você estiver
achando que vim para ficar, bem, Margi, você está completamente CERTA!
Uma onda de gritos histéricos
atravessou as paredes do quarto e fez com que minha vizinha, a velha senhora
Mony, viesse até nós para verificar se estava tudo certo.
Expliquei à ela que
não havia nada com o que se preocupar, pois apenas estávamos comemorando. Ela
voltou para casa murmurando algo que não nos permitimos ouvir vindo da boca de
uma senhora que, a olhos nus, parece tão inocente.
O dia passou tão
rápido quanto uma chuva de verão.
Minha mãe, depois
que chegou, com minhas besteiras que ela com certeza sabia que eu adicionaria
na sua lista, aprontou o jantar. Finalmente algo especial, mas claro que não
precisávamos dizer sobre isso para Aggs (esse é o apelido dela), ela já
sabia.
Depois de
jantarmos, fomos ajeitar nossa camas, finalmente eu teria uma noite divertida!
No outro dia, acordamos atrasadas para o primeiro dia de aula dela na minha escola. Grande começo. E deixamos nossas camas como estão ao sairmos de casa.
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